Nos últimos anos, algumas tecnologias capazes de revolucionar o setor da construção civil tem surgido, sendo a impressão 3D uma das mais disruptivas. No Brasil, a primeira companhia a propor o processo de impressão diretamente no canteiro de obras é a Domus 3D, através de seu robô construtor Domus. Ele permite que uma casa de padrão econômico seja construída no prazo de 1 dia, segundo o CEO e fundador da empresa, Fernando Grim
“A velocidade de impressão do robô é de 10 m lineares por minuto. Portanto, uma casa de 50 m², no padrão do programa Minha Casa, Minha Vida, pode ser impressa em oito horas, ou seja, a jornada de trabalho de um dia. Neste caso, a mão de obra é de duas pessoas, um operador de robô e um ajudante, gerando uma economia de 30%”, afirma Grim para a Smartus
Já em construções de casas de alto padrão, a redução de custos é ainda maior, acima de 50%, segundo ele. Isso porque o robô desenvolvido pela empresa proporciona maior liberdade arquitetônica: “É possível fazer paredes curvas com a mesma facilidade do que uma parede normal. Manualmente, é necessário fazer a caixaria. Com o robô, quanto maior a complexidade do empreendimento, maior a economia”, destaca o especialista.
Mesmo com a operação desenvolvida, a Domus 3D ainda não realizou a construção de uma casa, uma vez que ainda não existe regulamentação para este sistema construtivo, como explica Grim: “Hoje, não existem normas no Brasil que permitam fazer casas com parede estrutural feita por impressão 3D. Então, estamos trabalhando nessa regulamentação, com apoio do ITIE (Instituto de Tecnologias de Industrialização das Edificações)”.
“Contudo, já temos um robô pronto e outros três em construção. Se tivéssemos a aprovação, estaríamos construindo a primeira casa agora, em março, em Balneário Camboriú”, completa Grim, que também fala sobre a possibilidade de construir prédios com a mesma tecnologia.
“A impressão 3D permite isso, mas a barreira de regulamentação é ainda maior. Dessa forma, os prédios vão ficar para um segundo momento. Inclusive, desenvolvemos outro equipamento, que funciona sob monovias. É um carro que vai circular entre colunas, fazendo a manufatura aditiva. Será mais fácil imprimir paredes entre colunas de prédios do que construir um edifício inteiro com robô 3D”, garante o especialista.
Trajetória
A startup Domus 3D é uma spin-off da Vetor CNC, empresa catarinense que produz máquinas de comando numérico computadorizado (CNC) para 34 setores da indústria. De acordo com Grim, a experiência de quase duas décadas da empresa-mãe e a semelhança dos equipamentos auxiliaram no projeto de elaboração do robô.
“A impressora 3D nada mais é do que uma CNC, mas em vez de usinar materiais, faz a deposição deles. Pegamos a nossa expertise na fabricação de máquinas CNCs e estamos empregando na construção civil, não apenas no robô Domus 3D, como em outras soluções para automatizar o setor”, diz.
O robô desenvolvido pela startup coloca o material de forma automática no lugar onde deve ser impressa a parede, que fica pronta sem passar por processos como chapisco e reboco. Ele pode girar em torno do próprio eixo, permitindo realizar construções platibanda, entre paredes ou em terrenos inclinados, de acordo com o CEO da startup.
Robô Domus
Desse modo, o projeto se caracteriza por ser o pioneiro do Brasil a propor a construção 3D no canteiro de obras, segundo Grim, que garante haver apenas um concorrente a nível mundial, uma empresa do Vale do Silício, na Califórnia.
“Não achamos viável transportar materiais pesados para a obra, como a maioria das outras empresas faz. Por isso, optamos por imprimir as casas in loco, ou seja, onde será entregue o produto final”, argumenta.
Modelo de negócio
A Domus 3D, segundo o CEO, pretende explorar o mercado como franquia, atendendo tanto construtoras quanto o consumidor final. No caso das construtoras, elas deverão comprar o robô, com opção de financiamento a longo prazo, e pagar royalties para a franqueadora, que fará a manutenção. “Hoje, temos uma rede de manutenção nas linhas de CNC que atende todo o Brasil. Ela também fará esse trabalho para Domus”, explica.
A startup também será responsável pelo treinamento de toda a mão de obra operacional e qualificação na parte de software e de programação, novamente em parceria com o ITIE. De acordo com Grim, isso faz parte do projeto de “levar uma solução completa para a obra”.
Fonte: Daniel Caravetti