A alta dos preços dos novos contratos de aluguel é três vezes maior do que a inflação em um ano. Em 2022, enquanto o valor de venda do imóvel subiu pouco mais de 6%, a alta no aluguel superou os 16%.

O preço médio dos novos contratos de aluguel residencial disparou em um ano no Brasil. A alta é três vezes maior do que a inflação no período.

Nas grandes cidades, é só levantar o pescoço. No máximo procurar um pouquinho. Os imóveis à venda que se multiplicam na paisagem podem ser ótimos, as condições de pagamento é que têm afastado os compradores.

“AS TAXAS DE JUROS DA ECONOMIA SUBIRAM E, COM ESSE AUMENTO DA TAXA DE JUROS, FICOU MAIS DIFÍCIL PARA AS FAMÍLIAS PODEREM COMPRAR IMÓVEIS. ENTÃO REDUZ A DEMANDA DE COMPRA. REDUZINDO A DEMANDA DE COMPRA, AUTOMATICAMENTE AUMENTA A DEMANDA PELO ALUGUEL DE IMÓVEIS”, EXPLICA O COORDENADOR DO ÍNDICE FIPEZAP+, ALISON OLIVEIRA.

Com mais famílias procurando imóveis para alugar, o valor dos novos contratos foi subindo. Há uma década o valor do aluguel não subia tanto. Em 2022, vários fatores se juntaram provocando uma disparada nos preços.

Normalmente, o valor de venda do imóvel sobe mais que o do aluguel, mas neste ano foi o contrário. Enquanto o valor de venda subiu pouco mais de 6%, a alta no aluguel superou os 16%. Esses números são o retrato de como está mais difícil nesse momento realizar o sonho da casa própria.
 

A alta nos aluguéis também se explica pela mudança de comportamento depois do pico da pandemia. Se a prioridade dos donos de imóveis foi manter os inquilinos, agora é o momento em que buscam novos contratos com valores maiores.

“COM PORTAS ABERTAS, OS REAJUSTES COMEÇARAM A ACONTECER. MUITO TEMPO PARADO. ENTÃO REALMENTE O SALTO FOI MUITO GRANDE E ISSO DÁ UMA DIFERENÇA NO MERCADO DE VENDA PARA LOCAÇÃO”, APONTA A DIRETORA DE IMOBILIÁRIA SONIA CHALFIN.

Em algumas capitais, os novos aluguéis subiram acima da média. Florianópolis, Goiânia, Curitiba e Fortaleza tiveram os maiores aumentos. Mesmo São Paulo e Rio, que já têm valores altos, não escaparam dessa tendência.

O contrato de aluguel da estagiária Maiara Brito vence em março. Ela quer se mudar para um apartamento mais perto do trabalho, mas os preços estão bem maiores do que ela esperava encontrar.

“A alternativa que a gente acaba encontrando, como pessoas recém-formadas, que estão ingressando no mercado de trabalho, é de juntar a galera, dividir apartamento, porque, da forma que está, conseguir sozinha é bem difícil”, relata.

Fonte: Rony Meneses - G1